Tua mão direita me desenha em versos no branco de um papel,
em tuas noites de pura agonia.
Teus olhos vivem derramados dentro da lua,
aquela mesma lua atenta e descarada que me vigia pela janela,
com o rabo do olho, depois te conta como foi a minha madrugada.
Só ela sabe que eu sou o teu segredo de portas fechadas,
tuas noites povoadas de desejos, nossos corpos entrelaçados,
nossos beijos, nossos beijos, nossos beijos.
Eu sou a fronteira fechada, que não te deixa seguir em frente,
sei que sou as tuas intemperanças, por causa das minhas inconstâncias.
Mesmo sem ver-te neste momento, sei que o cigarro esta aceso,
permanentemente, a fumaça embotando a tua mente,
olhos ardentes, que ao estreitarem, vincam na tua testa
aquela ruga que tem meu nome, eu,
o fogo, o pecado que te consome.
Por que me aceitas?
Pegas o telefone, abres a porta e respiras o ar que vem da rua,
e olhas aquela mesma lua que me espia, agora também te espreita.
Tua mão direita me desenha em versos no branco de um papel,
a sala está escura e fria, enquando do outro lado da mesa,
a minha cadeira está vazia.
Do livro Na Teia da Aranha - capítulo Teias
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