domingo, 6 de junho de 2010

CAMUFLAGEM


Dizem que preciso mudar o meu modo de pensar,
o meu modo de agir,
o meu jeito de falar, da calar,
neste medo que eu tenho hoje até de existir.
Dizem que esta letargia vai arruinar a minha vida.
Sei bem que estas covardias impregnadas
vão me levando ao pânico e à estagnação.
Quero movimentar-me, não consigo... cadê coragem?
Sempre tive meus códigos de sobrevivência
e, de tempos em tempos, é cíclico,
retorno ao conforto e proteção do meu próprio útero,
enclausurada,
prefiro não pular muros,
nem levar porradas,
cedo à exaustão das múltiplas escolhas.
Sou por vezes, como uma aranha,
que parece estar adormecida no centro da teia,
fazendo uma participação quase que oculta na paisagem.
Mas é um engano!
Fico aguardando apenas a hora mais oportuna
para descer pelo fio
e, de um só golpe, surpreender quem me espreita
para o abate.



Texto de Abertura do livro Na Teia da Aranha

Direitos Autorais: Liane Flores - Ed. Movimento

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