sexta-feira, 4 de junho de 2010

SEPARAÇÃO

A porta se fechou
e a minha alma se partiu em duas
poças de sangue
de verdades nuas.
Uma delas arrastei pelas escadas,
aflorando tantas coisas adormecidas,
libertando outras tantas sufocadas,
pela falta de tempo,
por palavras nunca ditas,
engasgadas.
E mesmo com a vida me fungindo,
eu fui sorrindo,
eu fui calada pela estrada
que me levou a lugar nenhum
era aí que tu estavas.
Então eu percebi
que sem alma não se vive
e retornei.
Cheguei a tua  porta
numa noite fria
e a luz por baixo dela me dizia
que eu era pressentida
e esperada 
e que a tua alma
partida junto a minha
o teu sono vigiava


do livro O Grande Ausente - 1980 - Ed. Movimento

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