Sim,
eu sou aquela selvagem que imaginas
e trago da lua o feitiço
para por brilho no teu corpo amado.
Sim,
eu carrego este sentido estranho
nessa trama intrincada dos sentidos
Sim,
quero o prazer do teu contágio,
quero o teu hálito,
quero o teu beijo
quero o teu sêmen,
nossa mistura homogênea realizada.
Sim
tenho te observado a cada dia
e vem do sangue o meu conhecimento,
pois é nele que te carrego como seiva.
Sim,
quero te invadir com imprevistos
até te enlouquecer no meu galope
e tu me mostrarás sempre o teu norte.
Sim,
aprende a voar nas minhas asas
que vou te remontar com meus pedaços,
então te despertar de um longo sono.
Sim,
quero tuas tempestades mudas,
eu as escuto!
Tuas dimensões desordenadas
e esse nó que tens no peito
por mim quero desfeito.
Sim,
eu sou aquela lâmina que te corta,
com um brilho de azul que te fascina.
Eu sou a feiticeira e a menina
que vai arrebatar a tua alma.
Sim,
vem me mostrar o teu agreste,
o cheiro e o sal do teu mar de sonho,
o cheiro e o som da tua mata virgem,
o cheiro e o sol da tua linda ilha.
Sim,
com a mesma fúria das tormentas
te desejo
e trago na boca a ausência do teu beijo,
na mente a presença do teu vulto amado,
que toda noite me uiva dentro,
que todo dia num sorriso te ofereço,
quando me pintas com o verde dos teus olhos.
Liane Flores - poema do Livro PARA UM HOMEM CHAMADO SILÊNCIO ´
também publicado no livro OS BRUXOS- coletânea de poemas dos empregados da Caixa Federal
domingo, 30 de maio de 2010
Tirei o batom, os sapatos, a maquiagem, o nome e o sobrenome, despi do rosto o sorriso ensaiado,o brilho falso do olhar determinado a enganar a tantos quantos queriam ser enganados. E assim tão nua daquela que não sou eu, despojada das armadilhas que agreguei no decorrer da vida,descobri que não conheço mais essa mulher que me habita,
uma estranha que se reflete no meu espelho
e me sorri.
do livro Para um Homem chamado Silêncio - Liane Flores
UM SINAL
Sou a força da ventania
que só a tempestade produz
quando arranca pela raiz
tudo aquilo que a terra oferece
e tiro de ti a luz que te aquece.
Nem inicia,
porque a tua prece agora não me seduz,
pois aquilo que a ti carece
nesta hora também é a minha cruz.
Um sinal?
Um sinal é o que me pedes?
Desejas a certeza do irrefutável?
De tudo aquilo que foi a verdade
mais imponderável do que o rugir do vento?
Ora, ora, que atrevimento!
Duvidas que fui eu
quem o teu medo acendeu?
Fui o segredo da tua vontade!
Em todas as noites do teu degredo,
quando me buscavas no reflexo do teu espelho
quem te sorria não era eu...
Era apenas a tua imagem distorcendo
a própria realidade.
É fato!
Eu sou esta mulher intensa, Do Livro Na Teia da Aranha
e tudo o que faço,
e tudo o que digo,
e tudo o que a minha cabeça pensa
se faz parte do meu caminho,
quem saberá?
Direitos autorais reservados
Liane Flores
Tua culpa, minha culpa?
Tanto faz!
Tudo estava escrito nas estrelas
e mesmo querendo
sem jamais querer,
fui, sou e serei sempre bruxa bendita
com muitas sabedorias e poder.
Os presságios dos teus desatinos
por mim foram escritos
no livro do teu destino,
página por página,
vírgula por vírgula,
creia
DESCOBERTA
Eu não sabia até agora a quem amar,
pois vibra coração, ele chegou!
Aquele tão sonhado amor
do qual todos falavam
e que, com esta intensidade, nunca conheci.
Era isto então
que eu via em olhares febris,
em suaves toques de mãos,
em bocas ansiosas por beijos,
em esperas por palavras
e promessas?
E agora que fui contaminada
pelo germe deste segredo
como viver um novo dia sem medo?
Hoje eu sei toda a verdae,
quem ele é,
sei seu nome,
onde ele mora,
eu conheço o seu cheiro, seu gosto,
sua história,
como viver sem ele agora?
do livro Para Um Homem Chamado Silêncio - Liane Flores
quarta-feira, 26 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
INDO E VINDO
Indo e vindo,
eu vou constantemente atenta,
e há tanto do que me alimenta,
e a todo este tanto que eu tenho,
e tem tanto encanto neste encontro,
temos muito tempo, tanta vida,
tantas ruas, esquinas e avenidas,
calçadas e caminhos para andar.
Indo e vindo,
eu vou continuar vivendo
sem esse amor, sofrendo, sofrendo,
pouco a pouco passa o tempo, lento,
meu coração adormecendo, que tormento,
e eu dia após noite enlouquecendo.
Indo e vindo,
eu corro ao teu encontro
coração acelerado, rosto em fogo,
lábios ressequidos ardendo de desejo,
em delírio e febre,
abstinentes do teu beijo.
Indo e vindo
eu divido este segredo,
contigo que entrou na minha vida,
em silêncios de grande intimidade
quando termina a madrugada
e vai chegando a claridade,
depois,
houve muita chegada e muita despedida,
muitas histórias vividas e escritas
para guardar.
do livro Para Um Homem Chamado Silêncio - Liane Flores
Um momento de minha vida com um ser encantado: Mário Quintana
Em 1980 eu trabalhava na Caixa Econômica Federal de Porto Alegre, na Praça da Alfândega, e do outro lado da rua era o jornal Correio do Povo, na Caldas Jr. Eu sempre suspirava do lado de cá, um banco, com vontade de ir para o lado de lá, o mundo das letras.
Recebi uma ligação para dar um pulinho no jornal e quando lá cheguei quem me esperava era o jornalista Lourival Viana, meu professor de portuguê e literatura. Ao seu lado, sentado em uma cadeira do salão central do jornal, estava Mário Quintana. Fiquei extasiada!
Meu professor tinha dado a ele o meu original, sem o meu conhecimento. Mário pegou na minha mão e disse, existem poetas e poetisas e tu és uma poeta de verdade. Logo me entregou o manuscrito que minha editora, a Movimento, de Carlos Jorge Appel, ex-secretário de turismo de P.Alegre, mandou publicar como prefácio do meu livro com o aval de Mário naturalmente.
Depois nos encontramos várias vezes, no banco da praça da Alfândega, na frente do Hotel Majestic, onde ele morava, nas Feiras do Livro de Porto Alegre. Ele era um ser de outro mundo. Nosso velhinho amado, encantado.
Em 1986 entreguei o manuscrito original à Casa Mário Quintana, para que fique lá eternamente entre tudo aquilo que Mário escreveu.
Recebi uma ligação para dar um pulinho no jornal e quando lá cheguei quem me esperava era o jornalista Lourival Viana, meu professor de portuguê e literatura. Ao seu lado, sentado em uma cadeira do salão central do jornal, estava Mário Quintana. Fiquei extasiada!
Meu professor tinha dado a ele o meu original, sem o meu conhecimento. Mário pegou na minha mão e disse, existem poetas e poetisas e tu és uma poeta de verdade. Logo me entregou o manuscrito que minha editora, a Movimento, de Carlos Jorge Appel, ex-secretário de turismo de P.Alegre, mandou publicar como prefácio do meu livro com o aval de Mário naturalmente.
Depois nos encontramos várias vezes, no banco da praça da Alfândega, na frente do Hotel Majestic, onde ele morava, nas Feiras do Livro de Porto Alegre. Ele era um ser de outro mundo. Nosso velhinho amado, encantado.
Em 1986 entreguei o manuscrito original à Casa Mário Quintana, para que fique lá eternamente entre tudo aquilo que Mário escreveu.
CRIAÇÃO
E Deus juntou tuas partes
cuidando de cada detalhe
com perfeição.
Primeiro esboçou teu corpo
com um traço original
que jamais repetiria
em qualquer outro mortal
e te fez assim cigano
colorindo a tua tez,
depois modelou teu rosto
e teve tanto bom gosto
que até se admirou
daquilo que Ele criou.
Foi nos olhos, entretanto,
que enfim se superou,
quando na hora da escolha,
declinou as outras cores
e pintou-os de âmbar
e com a última pincelada
de Sua mão encantada,
enfeitiçou teu olhar.
Tua boca, com certeza,
trouxe da natureza
os traços de pefeição,
iluminou teu sorriso
com a luz de uma estrela,
encheu-0 de sedução.
Tão cheio de inspiração,
buscou no fundo da mente
Sua última solução,
pois faltava alguma coisa,
do lado esquerdo do peito,
de forma bem definida
pois traria o dom da vida,
deu-te então o coração.
E Deus te fez assim moreno!
E Deus te fez assim veneno!
E Deus te fez assim paixão!
O vento de outubro chegou
e Deus te soprou!
Poema escrito em outubro de 1981
para o meu esposo Clovis Roberto Minuzzi
Poema escrito em outubro de 1981
para o meu esposo Clovis Roberto Minuzzi
TEIA DA ARANHA
pelo céu da tua boca,
e essa estrada de muitos rastros
pelos rumos do teu corpo,
e esse resto de muita festa
no fim dos teus sentidos,
e essas frestas de muitos risos
nos cantos dos teus olhos,
e esse sabor de promessa
nas entrelinhas da tua conversa,
e essas marcas de muitos dentes
em volta do teu pescoço,
e essa cicatriz descolorida
nas dobras da tua barriga,
e esses danos de muitas dores
nos rasgos da tua alma,
e esses prismas de muitas guerras
na máscara da tua calma,
e esse nó de marinheiro
nas cordas da tua garganta,
e esses fantasmas do passado
no fundo do teu armário,
e esses crimes que cometeste
debaixo do teu tapete,
e esse outro que te espreita
pelo espelho do teu banheiro,
e esses passos em descompasso
nas solas dos teus sapatos,
e esses medos que chaveias
no sotão e na gaveta,
e esse traço de covardia
nas malhas do teu enredo,
e essas mãos de dar carícias
tão pobres de malícias,
e esses ecos dos teus gemidos
pelos corredores do teu peito,
e essa cruz exagerada
nas costas dependurada?
Do livro Na Teia da Aranha - dir.Reservados Liane Flores - Ed. Movimento
ANTÍTESE
Quem é
aquele homem que se volta
e sobre o ombro
e entre olhares desconfia
daquele outro homem
que se volta
e sobre o ombro
e entre olhares desafia
aquele outro homem que se volta
e sobre o ombro
e entre olhares denuncia
aquele homem
que se volta contra todos homens
e entre olhares
de muitos homens
anuncia
que para o bem de todos
está ali.
aquele homem que se volta
e sobre o ombro
e entre olhares desconfia
daquele outro homem
que se volta
e sobre o ombro
e entre olhares desafia
aquele outro homem que se volta
e sobre o ombro
e entre olhares denuncia
aquele homem
que se volta contra todos homens
e entre olhares
de muitos homens
anuncia
que para o bem de todos
está ali.
LUA NEGRA
NOSSOS BRAVOS ASTRONAUTAS
(elite)
EM SUAS NAVES PRATEADAS
(de lata)
ROMPERAM A FACE DA LUA
(de leite)
ELA DEU A OUTRA FACE
(de luto)
(elite)
EM SUAS NAVES PRATEADAS
(de lata)
ROMPERAM A FACE DA LUA
(de leite)
ELA DEU A OUTRA FACE
(de luto)
HIPOCRISIA
Imoral
não é nudez à mostra
e sim
a fome posta
em barrigas nuas
de crianças esquecidas,
molambos pelas ruas,
ossos expostos,
peitos descobertos,
olhos de revolta
sempre abertos
em busca de
alguém que lhes estenda a mão.
E o riso fácil
adormecido nas entranhas
contaminadas pela dor,
pela falta de amor,
pelo crak
que anestesia
e descortina um mundo
cheio de fantasia
que dura apenas
por um flash.
Imoral
é todo aquele que passa
e vira a cara
fingindo que não vê
e se declara defensor
de um decoro apodrecido
que deixa atrás de si
um rastro que cheira mal.
não é nudez à mostra
e sim
a fome posta
em barrigas nuas
de crianças esquecidas,
molambos pelas ruas,
ossos expostos,
peitos descobertos,
olhos de revolta
sempre abertos
em busca de
alguém que lhes estenda a mão.
E o riso fácil
adormecido nas entranhas
contaminadas pela dor,
pela falta de amor,
pelo crak
que anestesia
e descortina um mundo
cheio de fantasia
que dura apenas
por um flash.
Imoral
é todo aquele que passa
e vira a cara
fingindo que não vê
e se declara defensor
de um decoro apodrecido
que deixa atrás de si
um rastro que cheira mal.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
ELDORADO
É necessário que exista
qualquer coisa assim
como um bater de asas
em perfeita harmonia com o vento
e um som de correnteza
que se anuncie com cautela
ao inatingível ponto final.
Que o primeiro brilhar da manhã
faça sentir sua presença
com a suavidade
das nuvens migratórias.
Porém os montes, estes,
haverão de desvirginar o céu
em longas núpcias,
rompendo em sangue e cores
e luzes e explendores,
o mais belo filho do universo,
que repetirá pela eternidade
ante os olhos perplexos da humanidade,
O ENIGMA DO NASCIMENTO!
PRECE DO AMOR MAIOR (dez poemas para meu filho Lucas)
Deus,
como é fácil amá-lo
acima de qualquer coisa.
Se o que me destinaste
até hoje,
era a espera de sua vinda,
valeu cada momento de angústia,
cada ansiedade reprimida.
Nada me falta
quando ele está presente
e a sua ausência
mais me faz amá-lo.
Percebo
que o caminho a minha frente
foi por Ti iluminado
e sinto na minha pele
o aroma de tantas flores
que enfeitaram a sua vinda,
que me fez mulher,
que me fez tão linda.
Deus,
tê-lo é o que melhor me destes
além da própria vida.
do livro A outra Face - ( dez poemas para meu filho Lucas)
como é fácil amá-lo
acima de qualquer coisa.
Se o que me destinaste
até hoje,
era a espera de sua vinda,
valeu cada momento de angústia,
cada ansiedade reprimida.
Nada me falta
quando ele está presente
e a sua ausência
mais me faz amá-lo.
Percebo
que o caminho a minha frente
foi por Ti iluminado
e sinto na minha pele
o aroma de tantas flores
que enfeitaram a sua vinda,
que me fez mulher,
que me fez tão linda.
Deus,
tê-lo é o que melhor me destes
além da própria vida.
do livro A outra Face - ( dez poemas para meu filho Lucas)
MOLEQUINHO
Em cada canto da casa
a tua presença atenta
para os meus gestos mais banais
e mais
impertinentes olhos,
quais borboletas
em revoadas breves,
me pousam, acompanham,
me contemplam
graves ou alegres.
Menininho,
meu moleque eu te faço
quando no meu seio te enlaço
e teu alimento
é o meu amor.
a tua presença atenta
para os meus gestos mais banais
e mais
impertinentes olhos,
quais borboletas
em revoadas breves,
me pousam, acompanham,
me contemplam
graves ou alegres.
Menininho,
meu moleque eu te faço
quando no meu seio te enlaço
e teu alimento
é o meu amor.
Gênese
Depois de tanto tempo
eis que me chega
aquele que era um sonho.
E onde esteve sepultado
um coração,
explode de repente
a chama de um vulcão.
eis que me chega
aquele que era um sonho.
E onde esteve sepultado
um coração,
explode de repente
a chama de um vulcão.
Canção para Lucas - ( dez poemas para meu filho)
PRIMEIRO ENCONTRO
Filho,
amor maior,
meu sangue,
minha carne!
Enfim meus olhos repousaram
das muitas imagens que te fiz.
És poesia
que vida ( em mim)
se fez.
És meus olhos mágicos,
meus mágicos sorrisos.
Em meu menor pedaço
maior a perfeição.
És meu salto ao infinito,
meu sonho mais feroz,
meu feito mais bonito.
SERENATA
E se um vulto despertar-te com carícias
e sentires o lençol roça teu peito,
sou eu que em sonho te procuro,
sonâmbula, sigo rumo ao teu leito.
Se no silêncio alertar-te um sussurro
de uma voz que porventura te inquieta,
sou eu que em sonho te procuro,
te ofertando a minha prece de poeta.
e sentires o lençol roça teu peito,
sou eu que em sonho te procuro,
sonâmbula, sigo rumo ao teu leito.
Se no silêncio alertar-te um sussurro
de uma voz que porventura te inquieta,
sou eu que em sonho te procuro,
te ofertando a minha prece de poeta.
A OUTRA FACE
Do outro lado do espelho
a menina iluminada que um dia eu fui,
por entre olhos furtivos me observa,
e pergunta:
-Quem és tu,
minha imagem e semelhança
que já não posso alcançar criança?
a menina iluminada que um dia eu fui,
por entre olhos furtivos me observa,
e pergunta:
-Quem és tu,
minha imagem e semelhança
que já não posso alcançar criança?
O CIRCO DAS ILUSÕES
Não tinha palhaços,
não tinha elefantes,
nem banda de música,
nem mulher barbada,
mas tinha UM CAVALO
DE ASAS DOURADAS.
EU VESTIA CHIFFON
AZUL TRANSPARENTE,
um véu sobre os olhos
hostis de serpente.
UM SÁTIRO LÚBRICO
tocava sua flauta,
em volta de mim
UM DEUS ASTRONAUTA.
NO CÉU CINCO LUAS
ouviam lamentos
de um lobisomem
que desconcertado,
não sabia por qual
estava apaixonado.
Não tinha esferas
ardendo em fogo,
nenhum DOMADOR
sorrindo ao povo.
Mas tinha SEREIAS
DRAGÕES E QUIMERAS
e NO LUGAR DA LONA
MILHÕES DE ESTRELAS.
NO LUGAR DA LONA MILHÕES DE ESTRELAS
Como é gostosa
a sensação de renovar-se!
Sacudir pela janela da vida
velhos tormentos, velhas saudades.
Soltar as suas feras adormecidas
para que abocanhem
a parte que lhes cabe.
Expulsar as suas bruxas,
expor à luz do sol
o corpo com nova pele,
a alma com nova face.
poema integrante do Circo das Ilusões
a sensação de renovar-se!
Sacudir pela janela da vida
velhos tormentos, velhas saudades.
Soltar as suas feras adormecidas
para que abocanhem
a parte que lhes cabe.
Expulsar as suas bruxas,
expor à luz do sol
o corpo com nova pele,
a alma com nova face.
poema integrante do Circo das Ilusões
SEREIAS, DRAGÕES E QUIMERAS
Qualquer dia
vou arrancar a minha máscara
mais antiga,
só então estarei pronta para te receber.
Quando o verdadeiro eu me possuir
estarei absolvida da forma mais absoluta.
Quero esquecer o meu nome
e no anonimato serei apenas Mulher.
Quero ser possuída
pelo teu espirito, nada saber de ti.
Ensina-me, sim, a renascer para o amor
ou me consome na febre de te conhecer
e não sobreviver.
poema integrante do Circo das Ilusões
vou arrancar a minha máscara
mais antiga,
só então estarei pronta para te receber.
Quando o verdadeiro eu me possuir
estarei absolvida da forma mais absoluta.
Quero esquecer o meu nome
e no anonimato serei apenas Mulher.
Quero ser possuída
pelo teu espirito, nada saber de ti.
Ensina-me, sim, a renascer para o amor
ou me consome na febre de te conhecer
e não sobreviver.
poema integrante do Circo das Ilusões
0 DOMADOR
Ele que faz da minha noite
uma vigília inviolável,
repousa por certo e nem sabe
que, com a mesma persistência
dos animais
tento romper as barras
da jaula que a vida me propôs,
e a marca que me resta
cada vez que falho
ao buscar estrelas,
sangra e me torna cruel.
Poema integrane do Círco das Ilusões
uma vigília inviolável,
repousa por certo e nem sabe
que, com a mesma persistência
dos animais
tento romper as barras
da jaula que a vida me propôs,
e a marca que me resta
cada vez que falho
ao buscar estrelas,
sangra e me torna cruel.
Poema integrane do Círco das Ilusões
CINCO LUAS
E eu
que permaneci errante
entre os amores
que me foram destinados,
aos quais eu disse não,
tive a consciência um dia,
que mesmo os bem amados
sentem solidão.
poema integrante do Circo das Ilusões - Livro A Outra Face - 1983
que permaneci errante
entre os amores
que me foram destinados,
aos quais eu disse não,
tive a consciência um dia,
que mesmo os bem amados
sentem solidão.
poema integrante do Circo das Ilusões - Livro A Outra Face - 1983
UM DEUS ASTRONAUTA
Alma serena e quieta
a tua,
o meu espaço inquieto
um dia conheceu,
ou foste tu,
ou se fui eu
já não importa...
o essencial aconteceu.
Do livro A Outra Face - 1983 - poema integrante do Circo das Ilusões
a tua,
o meu espaço inquieto
um dia conheceu,
ou foste tu,
ou se fui eu
já não importa...
o essencial aconteceu.
Do livro A Outra Face - 1983 - poema integrante do Circo das Ilusões
SÁTIRO LÚBRICO
Teus olhos
são como areia movediça
quando me tragam
parte por parte
e mesmo ardendo
a minha carne não sacio
mais desejando
que me preenchas
com teus olhares.
Do Livro A Outra Face - 1983 - poema integrante do Circo das Ilusões
são como areia movediça
quando me tragam
parte por parte
e mesmo ardendo
a minha carne não sacio
mais desejando
que me preenchas
com teus olhares.
Do Livro A Outra Face - 1983 - poema integrante do Circo das Ilusões
OLHOS HOSTIS DE SERPENTE
Por que me fascinou o teu encantamento
se aprendi, faz tanto tempo,
que o amor amadurece no dia à dia.
Meu ser emocional todo se rebela
contra a razão e apenas ela
põe trava e censura no meu olhar
que te recebe com ternura.
Eu que me julgava morta,
sinto a vida que me volta
entre ondas que atravessam
aquela mesma porta
que um dia eu fechei.
Do Livro A Outra Face - poema integrande do Circo das Ilusões - 1980
se aprendi, faz tanto tempo,
que o amor amadurece no dia à dia.
Meu ser emocional todo se rebela
contra a razão e apenas ela
põe trava e censura no meu olhar
que te recebe com ternura.
Eu que me julgava morta,
sinto a vida que me volta
entre ondas que atravessam
aquela mesma porta
que um dia eu fechei.
Do Livro A Outra Face - poema integrande do Circo das Ilusões - 1980
Chiffon azul transparente
Vou enfeitar o meu leito
com cetim e pirilampos,
com folhas de hortelã
e muitas flores do campo.
Descortinar a janela
para a lua envolver
minha pele em prata e brilho
supondo uma festa pagã.
E o vento da madrugada
virá bolinar comigo,
desordenar meus cabelos,
atiçar os meus sentidos
quando romper a manhã.
Do Livro A Outra Face - poema integrante do Circo das Ilusões - 1980
O Cavalo de Asas Douradas
Deixem entrar esse homem
que me dá taquicardia,
não fiquem na frente dele,
permitam que me sorria.
Deixem passar esse homem
que me trouxe adolescência,
não repreendam com olhares
o meu ar de impaciência.
Deixem falar esse homem
que me chegou de repente,
não ocupem a cadeira
para que nela ele sente.
Deixem que eu beba esse homem
que tem gosto de promessa,
não tentem impedir-me,
preciso sorvê-lo sem pressa.
Deixem que eu tenha esse homem
em pecado absoluto,
não queiram acordar-me agora,
é tarde e já não escuto.
Do livro A outra face - poema integrante do Circo das Ilusões - 1983
que me dá taquicardia,
não fiquem na frente dele,
permitam que me sorria.
Deixem passar esse homem
que me trouxe adolescência,
não repreendam com olhares
o meu ar de impaciência.
Deixem falar esse homem
que me chegou de repente,
não ocupem a cadeira
para que nela ele sente.
Deixem que eu beba esse homem
que tem gosto de promessa,
não tentem impedir-me,
preciso sorvê-lo sem pressa.
Deixem que eu tenha esse homem
em pecado absoluto,
não queiram acordar-me agora,
é tarde e já não escuto.
Do livro A outra face - poema integrante do Circo das Ilusões - 1983
Misticismo
Ali de pé parado,
como se fosse uma estátua grega,
pareceu-me um deus, um forte,
sua beleza branca como a pedra.
O seu cabelo negro enfeitado
por fios brancos lhe tocando a face,
pareceu-me um deus, um forte,
a quem tanto fascínio não bastasse.
O seu primeiro olhar guardei,
um misto de doçura e ironia,
pareceu-me um deus, um forte,
talhado para o amor, moldado em fantasia.
Ali de pé parado,
como se fosse uma caixa de segredo,
pareceu-me um deus, um forte,
e dele, nesse instante, eu tive medo.
Do Livro O Grande Ausente - 1980 - Ed. Movimento
como se fosse uma estátua grega,
pareceu-me um deus, um forte,
sua beleza branca como a pedra.
O seu cabelo negro enfeitado
por fios brancos lhe tocando a face,
pareceu-me um deus, um forte,
a quem tanto fascínio não bastasse.
O seu primeiro olhar guardei,
um misto de doçura e ironia,
pareceu-me um deus, um forte,
talhado para o amor, moldado em fantasia.
Ali de pé parado,
como se fosse uma caixa de segredo,
pareceu-me um deus, um forte,
e dele, nesse instante, eu tive medo.
Do Livro O Grande Ausente - 1980 - Ed. Movimento
FÊNIX
Agita convulsivamente a cabeça.
É tão cruel assistir seu desespero
emoldurado por um quadro quase sangrento,
o ventre, onde o sol nasce ao despertar do dia.
E o sol vermelho
estende sobre ele seus raios flamejados.
Que tela singular meus olhos vêem!
Paralizado pela vertigem
desse esplendor até então desconhecido,
vacila indeciso e cambaleia,
ergue-se majestoso e lentamente
gira seu corpo em direção à luz intensa.
Abre os olhos e pela primeira vez contempla
aquela chama que ao longe pulsa.
Abre as asas tremulantes
e, como intuído por algum pressentimento,
deseja abraçar o seu irmão de nascimento,
então voa rumo ao sol no horizonte.
Do livro - O grande Ausente - Ed. Movimento - 1980
Fecundação
É madrugada.
Vou andar pelas ruas desertas
sentindo a noite penetrar em mim,
ouvindo os ecos
dos meus passos na calçada
revelando o medo
da solidão interior.
Quando o dia chegar
estarei exausta.
Meu corpo possuído pelo orvalho
(líquido seminal)
daquela que me amou
sem restrições:
A negra noite.
Então,
em pouco tempo
em mim vai se gerar
o sagrado fruto desse amor
e vou explodir em mil estrelas
numa noite de lua cheia.
Do Livro O Grande Ausente - 1980 - Editora Movimento
Vou andar pelas ruas desertas
sentindo a noite penetrar em mim,
ouvindo os ecos
dos meus passos na calçada
revelando o medo
da solidão interior.
Quando o dia chegar
estarei exausta.
Meu corpo possuído pelo orvalho
(líquido seminal)
daquela que me amou
sem restrições:
A negra noite.
Então,
em pouco tempo
em mim vai se gerar
o sagrado fruto desse amor
e vou explodir em mil estrelas
numa noite de lua cheia.
Do Livro O Grande Ausente - 1980 - Editora Movimento
Orelha da contracapa do livro O Grande Ausente
Nasci em pleno carnaval de 1949. Era fevereiro, 22, naquela casa amarela da Rua José de Alencar.
Meus pais meninos, ele com 19 e ela com 17 anos acolheram-me primogênita, entre o clã dos Azevedo e dos Flores.
Flores recebi eternas do meu pai através do seu sobrenome.
Fui um bebê travesso, uma menina e adolescente travessa. Hoje há quem diga que sou uma adulta ainda travessa. Meus sonhos que perduraram através das travessuras e do tempo, agora convertidos em poema me sobreviverão.
Considero-me acima de tudo uma guerreira. Ninguém lutou mais e tanto em busca da felicidade. Sou feliz e se tivesse que, nesse momento prestar contas a Deus da vida que Dele recebi, estaríamos ajustados
Da vida levo duas vitórias: um grande amor que pretendo viver com toda a intensidade e o produto dele, um filho que é uma semente minha lançada ao vento para continuar-me.
Sobre a morte, apenas temo como ela vai se apresentar a mim, pois creio que o outro lado da vida é doce qual o mel.
Deixo minhas alegrias, tristezas, sonhos, esperanças, desejos, revoltas, mágoas, derrotas, vitórias, enfim, todas as experiências vividas gravadas em preto e branco no papel, só assim não morrerei totalmente. Meus livros me eternizarão.
orelha da contracapa do livro A Outra Face - Editora Movimento - 2003
Meus pais meninos, ele com 19 e ela com 17 anos acolheram-me primogênita, entre o clã dos Azevedo e dos Flores.
Flores recebi eternas do meu pai através do seu sobrenome.
Fui um bebê travesso, uma menina e adolescente travessa. Hoje há quem diga que sou uma adulta ainda travessa. Meus sonhos que perduraram através das travessuras e do tempo, agora convertidos em poema me sobreviverão.
Considero-me acima de tudo uma guerreira. Ninguém lutou mais e tanto em busca da felicidade. Sou feliz e se tivesse que, nesse momento prestar contas a Deus da vida que Dele recebi, estaríamos ajustados
Da vida levo duas vitórias: um grande amor que pretendo viver com toda a intensidade e o produto dele, um filho que é uma semente minha lançada ao vento para continuar-me.
Sobre a morte, apenas temo como ela vai se apresentar a mim, pois creio que o outro lado da vida é doce qual o mel.
Deixo minhas alegrias, tristezas, sonhos, esperanças, desejos, revoltas, mágoas, derrotas, vitórias, enfim, todas as experiências vividas gravadas em preto e branco no papel, só assim não morrerei totalmente. Meus livros me eternizarão.
orelha da contracapa do livro A Outra Face - Editora Movimento - 2003
segunda-feira, 17 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
MARIO ALQUIMISTA DE SONHOS
MARIO
Mario,
meu velho poeta
da Rua das Dores
dos pôres do sol,
sentas no banco da praça
e doas de graça
sorrisos de mel.
Mario,
meu velho Quintana,
enganas a vida
por vezes cruel,
logo pra ti
que a retratas mais bela,
adoçando sua face de fel.
Mario,
meu velho alquimista
de sonhos
agora chegou tua vez,
ocupa a cadeira que é tua
poeta,
na Academia dos Imortais
no céu.
Poema dedicado a Mário Quintana, escritor gaúcho
fotografia do Pôr-do-sol de Porto Alegre de Ana Paula Roman
Mario,
meu velho poeta
da Rua das Dores
dos pôres do sol,
sentas no banco da praça
e doas de graça
sorrisos de mel.
Mario,
meu velho Quintana,
enganas a vida
por vezes cruel,
logo pra ti
que a retratas mais bela,
adoçando sua face de fel.
Mario,
meu velho alquimista
de sonhos
agora chegou tua vez,
ocupa a cadeira que é tua
poeta,
na Academia dos Imortais
no céu.
Poema dedicado a Mário Quintana, escritor gaúcho
fotografia do Pôr-do-sol de Porto Alegre de Ana Paula Roman
segunda-feira, 10 de maio de 2010
LILI
Teu riso de vidro desce as escadas às cambalhotas
e nem se quebra
Lili, meu fantasminha predileto!
Não que tenhas morrido...
quem entra num poema não morre nunca.
Muita gente até me pergunta quem és... de tão querida,
és talvez a minha irmã mais velha
nos tempos que eu ainda nem havia nascido.
És a Gabriela, a Liane, a Angelina... sei lá!
És a Bruna em pequenina
que eu desejaria acabar de criar,
talvez sejas apenas a minha infância.
E o que importa, enfim, se não existes.
Tu vives tanto Lili!
E obrigada menina por esse carinho de filha
que não tive.
transcrição do poema de MARIO QUINTANA
Teu riso de vidro desce as escadas às cambalhotas
e nem se quebra
Lili, meu fantasminha predileto!
Não que tenhas morrido...
quem entra num poema não morre nunca.
Muita gente até me pergunta quem és... de tão querida,
és talvez a minha irmã mais velha
nos tempos que eu ainda nem havia nascido.
És a Gabriela, a Liane, a Angelina... sei lá!
És a Bruna em pequenina
que eu desejaria acabar de criar,
talvez sejas apenas a minha infância.
E o que importa, enfim, se não existes.
Tu vives tanto Lili!
E obrigada menina por esse carinho de filha
que não tive.
transcrição do poema de MARIO QUINTANA
sábado, 8 de maio de 2010
CARTA A JOÃO GALEGO
João,
hoje vou vestir-me com meus fantasmas
para te rever
e com a tua ajuda, meu amigo,
despojar-me destas vestes assombradas,
algumas mal costuradas
à flor da pele,
como se meros adereços fossem
Outras porém,
simbióticas, malditas, tatuadas estão
impressas pelo tempo
de um tempo quase que atemporal,
perdidas num labirinto de fumaça,
imprecisas,
vou arrancar de mim
a ferro e fogo, em sangue e dor.
João,
quero reler-me, reescrever-me,
pintar-me de novas cores,
sonhar novos amores,
quero recompor-me sim,
preciso!
Entre o limitado que me corrói o espirito
e o ilimitado que habita o meu imaginário
eu quero o meio,
como libertação absoluta anseio
encontrar minha unidade essencial,
aí é que ela habita eu creio.
João,
hoje vou vestir-me com meus fantasmas
para te rever
e com a tua ajuda, meu amigo,
despojar-me destas vestes assombradas,
algumas mal costuradas
à flor da pele,
como se meros adereços fossem
Outras porém,
simbióticas, malditas, tatuadas estão
impressas pelo tempo
de um tempo quase que atemporal,
perdidas num labirinto de fumaça,
imprecisas,
vou arrancar de mim
a ferro e fogo, em sangue e dor.
João,
quero reler-me, reescrever-me,
pintar-me de novas cores,
sonhar novos amores,
quero recompor-me sim,
preciso!
Entre o limitado que me corrói o espirito
e o ilimitado que habita o meu imaginário
eu quero o meio,
como libertação absoluta anseio
encontrar minha unidade essencial,
aí é que ela habita eu creio.
Para Um Homem Chamado Silêncio
( overture - 17 de outubro de 1981)
" As folhas de outono traçavam o seu estranho bailado ao sabor do vento de outubro e, exatamente um dia antes do aniversário de 28 anos da sua chegada ao mundo, ele bateu a minha porta."
Abri a porta da rua e ele estava ali.
Camisa aberta, peito imberbe colorido pelo sol que enfeita os deuses escolhidos,
meus olhos absorveram-no com a gula do pecado original
e nele depositei meus sonhos absurdos.
Seus passos prencheram o vazio daquela sala, nua como eu.
Duas taças de vinho cor de sangue materializaram-se em nossas mãos
e sob a colcha de pele leoparda
a luz da lua de outubro refletiu a sua sombra
que em mim solidificou-se
com a força de um exército de bárbaros.
Deus! Aqueles lábios,
sempre molhados, sempre sorrindo, sempre selados.
O outro dia se fez
e a janela entreaberta trouxe um doce amanhecer.
O deus estava ali! Frágil, entregue a mim em toda a sua macheza
parecendo entalhado pela mão do Virtuoso...
e esse homem chamado silêncio eu amei
predestinada pela própria eternidade.
( poema dedicado ao meu esposo Clóvis Roberto Minuzzi) - retrato do nosso reencontro nesta encarnação
Poema do livro Para um homem chamado Silêncio - 1984
Direitos autorais reservados - Liane Flores
( overture - 17 de outubro de 1981)
" As folhas de outono traçavam o seu estranho bailado ao sabor do vento de outubro e, exatamente um dia antes do aniversário de 28 anos da sua chegada ao mundo, ele bateu a minha porta."
Abri a porta da rua e ele estava ali.
Camisa aberta, peito imberbe colorido pelo sol que enfeita os deuses escolhidos,
meus olhos absorveram-no com a gula do pecado original
e nele depositei meus sonhos absurdos.
Seus passos prencheram o vazio daquela sala, nua como eu.
Duas taças de vinho cor de sangue materializaram-se em nossas mãos
e sob a colcha de pele leoparda
a luz da lua de outubro refletiu a sua sombra
que em mim solidificou-se
com a força de um exército de bárbaros.
Deus! Aqueles lábios,
sempre molhados, sempre sorrindo, sempre selados.
O outro dia se fez
e a janela entreaberta trouxe um doce amanhecer.
O deus estava ali! Frágil, entregue a mim em toda a sua macheza
parecendo entalhado pela mão do Virtuoso...
e esse homem chamado silêncio eu amei
predestinada pela própria eternidade.
( poema dedicado ao meu esposo Clóvis Roberto Minuzzi) - retrato do nosso reencontro nesta encarnação
Poema do livro Para um homem chamado Silêncio - 1984
Direitos autorais reservados - Liane Flores
MENINO DEUS,
a tua luz está nos olhos meus
e me seduz voltar
(aos braços teus)
buscando em cada canto
em cada dobra de esquina,
histórias que escrevi
(menina)
sentada à beira do teu rio,
Guaíba,
verão que se acabou
e o inverno então chegou,
folhas dançando pelo chão,
eu enlevada na canção
que já ouvi
e decorei cada refrão.
Menino Deus,
teu Minuano, um vendaval,
soprou no toque do meu violão
em noites frias que fiquei
em ti,
encontros, rituais,
momentos que não voltam mais,
bôemios ao luar,
amigos, amores
bancos de bar,
chuva fininha a nos molhar...
eu redescubro então
não há
outro lugar pra mim,
tu és raíz,
cordão umbilical.
poema publicado, do livro Na teia da Aranha
direitos autorais reservados Liane Flores
1997
a tua luz está nos olhos meus
e me seduz voltar
(aos braços teus)
buscando em cada canto
em cada dobra de esquina,
histórias que escrevi
(menina)
sentada à beira do teu rio,
Guaíba,
verão que se acabou
e o inverno então chegou,
folhas dançando pelo chão,
eu enlevada na canção
que já ouvi
e decorei cada refrão.
Menino Deus,
teu Minuano, um vendaval,
soprou no toque do meu violão
em noites frias que fiquei
em ti,
encontros, rituais,
momentos que não voltam mais,
bôemios ao luar,
amigos, amores
bancos de bar,
chuva fininha a nos molhar...
eu redescubro então
não há
outro lugar pra mim,
tu és raíz,
cordão umbilical.
poema publicado, do livro Na teia da Aranha
direitos autorais reservados Liane Flores
1997
RUA DO MENINO DEUS
Rua José de Alencar
que em minha meninice
tinha braços de afagar
e em suas calçadas antigas
dorme um pedaço de mim.
Quantas vezes a ti retorno
exausta, entorpecida,
pelas verdades que a vida
pouco a pouco me mostrou
e cobro de ti a saudade
que o peito acomodou,
daquela casa amarela,
quem tem em cada janela
um vulto que me sorri,
um vulto que me deixou.
Poema do Livro A Outra Face, Liane Flores
Editora Movimento - 1983
Rua José de Alencar
que em minha meninice
tinha braços de afagar
e em suas calçadas antigas
dorme um pedaço de mim.
Quantas vezes a ti retorno
exausta, entorpecida,
pelas verdades que a vida
pouco a pouco me mostrou
e cobro de ti a saudade
que o peito acomodou,
daquela casa amarela,
quem tem em cada janela
um vulto que me sorri,
um vulto que me deixou.
Poema do Livro A Outra Face, Liane Flores
Editora Movimento - 1983
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