segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Cavalo de Asas Douradas

Deixem entrar esse homem
que me dá taquicardia,
não fiquem na frente dele,
permitam que me sorria.
Deixem passar esse homem
que me trouxe adolescência,
não repreendam com olhares
o meu ar de impaciência.
Deixem falar esse homem
que me chegou de repente,
não ocupem a cadeira
para que nela ele sente.
Deixem que eu beba esse homem
que tem gosto de promessa,
não tentem impedir-me,
preciso sorvê-lo sem pressa.
Deixem que eu tenha esse homem
em pecado absoluto,
não queiram acordar-me agora,
é tarde e já não escuto.

Do livro A outra face - poema integrante do Circo das Ilusões - 1983

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