sábado, 8 de maio de 2010

Para Um Homem Chamado Silêncio
( overture - 17 de outubro de 1981)


" As folhas de outono traçavam o seu estranho bailado ao sabor do vento de outubro e, exatamente um dia antes do aniversário de 28 anos da sua chegada ao mundo, ele bateu a minha porta."


Abri a porta da rua e ele estava ali.
Camisa aberta, peito imberbe colorido pelo sol que enfeita os deuses escolhidos,
meus olhos absorveram-no com a gula do pecado original
e nele depositei meus sonhos absurdos.
Seus passos prencheram o vazio daquela sala,  nua como eu.
Duas taças de vinho cor de sangue materializaram-se em nossas mãos
e sob a colcha de pele leoparda
a luz da lua de outubro refletiu a sua sombra
que em mim solidificou-se
com a força de um exército de bárbaros.
Deus! Aqueles lábios,
sempre molhados, sempre sorrindo, sempre selados.
O outro dia se fez
e a janela entreaberta trouxe um doce amanhecer.
O deus estava ali! Frágil, entregue a mim em toda a sua macheza
parecendo entalhado pela mão do Virtuoso...
e esse homem chamado silêncio eu amei
predestinada pela própria eternidade.


( poema dedicado ao meu esposo Clóvis Roberto Minuzzi) - retrato do nosso reencontro nesta encarnação


Poema do livro Para um homem chamado Silêncio - 1984
Direitos autorais reservados - Liane Flores

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