segunda-feira, 24 de maio de 2010

FÊNIX

Agita convulsivamente a cabeça.
É tão cruel assistir seu desespero
emoldurado por um quadro quase sangrento,
o ventre, onde o sol nasce ao despertar do dia.
E o sol vermelho
estende sobre ele seus raios flamejados.
Que tela singular meus olhos vêem!
Paralizado pela vertigem
desse esplendor até então desconhecido,
vacila indeciso e cambaleia,
ergue-se majestoso e lentamente
gira seu corpo em direção à luz intensa.
Abre os olhos e pela primeira vez contempla
aquela chama que ao longe pulsa.
Abre as asas tremulantes
e, como intuído por algum pressentimento,
deseja abraçar o seu irmão de nascimento,
então voa rumo ao sol no horizonte.

Do livro  - O grande Ausente - Ed. Movimento - 1980

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